"saudade"
- Renata Cintra
- 5 de dez. de 2024
- 4 min de leitura
Cuando vine a vivir al Uruguay, la “saudade” de la familia y los amigos era algo que no imaginaba que sería tan grande. La ausencia de referencias amigas, rostros conocidos, historias para compartir del día a día, hasta esos juegos de palabras tontos en portugués me dan mucha “saudade”. Te extraño todavía me suena esquisito, es "saudade".
No sé los caminos que nos llevan por tantas carreteras diferentes, donde, en realidad, solo quería quedarme en una línea recta, que mis animales vivieran eternamente conmigo, con toda la salud del mundo, que el tiempo se detuviera en el auge de ese momento exacto en que suspiré y pensé: "Todo salió bien."
Hubiera tenido unos años menos para recordar apreciar con más cariño el camino y despedirme con más atención de las pérdidas. Esta semana, perdí la visión junto con Dumba, mi perra, que está reaprendiendo una nueva vida. Mi chica fantástica está diabética y en tratamiento para estabilizar y no acelerar nuestras pérdidas. Todos los días, reaprendemos a caminar juntas, lado a lado, yo haciendo sonidos, ella siguiéndome. Todos los días tenemos nuevos horarios juntas, aprendiendo a pinchar de aquí y pinchar de allá, y ella aprendiendo que así será. Ya dejamos de llorar juntas: ella, por ser pinchada, y yo, por pincharla. Ahora aprendemos que algún día ambas tendremos nostalgia hasta de esos momentos juntas.

En los últimos 15 años, siempre tuve un promedio de 30 gatitos que nos rodeaban. Era imposible darles la atención que todos deseaban, aunque ahora diga que tengo 23 hijos únicos. Garrincha, con sus 17 años, pasa sus últimos días con nosotros. Nació en casa y vivió toda su vida con nosotros y con sus hermanos de camada. Mi primer rescate grande, 4 de una vez. Hace unos meses, pasa todo el día trabajando conmigo, acostado a mi lado. Así, le doy los medicamentos, las caricias, la comida especial, y él busca mi mirada para decir: "Está todo bien, vamos a estar bien." Pero es una lucecita que se apaga, y procesar esta nueva nostalgia es perder un poquito de aire y de esa alegría en un futuro cercano, muy cercano.
Prestar atención a todos ellos y acompañar nuestros finales es una lección tan solitaria como lo han sido mis días de diseñadora gráfica remota, cuidando de todos, pintando mis bancos, distrayéndome en el día a día lleno de tareas para no señalar las pérdidas que podemos dejar atrás y las pérdidas que vendrán, como siempre han venido.
He perdido muchas cosas más allá de la palabra “saudade”.
Cada viernes, un texto fresquito por aquí.
Suscríbete a nuestra newsletter mensual.
Saudade
Quando vim morar no Uruguai, a saudade da família e dos amigos era algo que eu não imaginava que seria tão grande. A ausência de referências amigas, rostos conhecidos, histórias para compartilhar do dia a dia, até aqueles trocadilhos bobos do português me dão muita saudade. Te extraño é muito estranho ainda para mim; é saudade.
Não sei dos caminhos que nos carregam por tantas estradas diferentes, onde, na verdade, eu só queria ficar em uma linha reta, que meus animais vivessem eternamente comigo, com toda a saúde do mundo, o tempo estagnasse no auge daquele exato momento em que eu suspirei e pensei: "Deu tudo certo."
Eu teria uns anos a menos para lembrar de apreciar com mais carinho o caminho e me despedir com mais atenção das perdas. Esta semana, eu perdi a visão junto com a Dumba, minha cachorra, que está reaprendendo uma nova vida. Minha garota fantástica está diabética e em tratamento para estabilizar e não acelerarmos nossas perdas. Todos os dias, reaprendemos a caminhar juntas, lado a lado, eu fazendo sons, ela me seguindo. Todos os dias temos novos horários juntas, aprendendo a furar daqui e furar dali, e ela aprendendo que assim será. Já paramos de chorar juntas: ela, por ser furada, e eu, por estar a furá-la. Aprendemos agora que um dia nós duas teremos saudade até destas horas juntas.
Nos últimos 15 anos, sempre tive uma média de 30 gatinhos que nos rodearam. Era impossível dar a atenção que todos desejavam, apesar de dizer que tenho hoje 23 filhos únicos. Garrincha, com seus 17 anos, passa pelos seus últimos dias conosco. Nasceu em casa e viveu toda a sua vidinha com a gente e com seus irmãos de ninhada. Meu primeiro resgate grande, 4 de uma vez. Há alguns meses, ele fica o dia todo trabalhando comigo, deitado ao meu lado. Assim, dou os remédios, os cafunés, a comida especial, e ele busca meu olhar para dizer: "Está tudo bem, vamos ficar bem." Mas é uma luzinha se apagando, e processar mais essa saudade é perder um pouquinho do ar e dessa alegria em um futuro próximo, muito próximo.
Dar atenção a todos eles e acompanhar os nossos fins é uma lição tão solitária quanto tem sido meus dias de designer gráfica remota, cuidando de todos, pintando meus bancos, me distraindo no dia a dia cheio de tarefas para não pontuar as perdas que podemos deixar pra lá e as perdas que virão, como sempre vieram.
Tenho perdido muita coisa além da palavra saudade. Toda sexta um texto novinho aqui.
Assine nossa newsletter mensal.
Texto escrito originalmente em português e reescrito em espanhol conforme vou aprendendo e revisado pelo chat GPT
Comentários